segunda-feira, 31 de maio de 2010

Filhos do Acaso




Um rapaz e uma moça se conhecem. Não é nada sério, apenas casual. Não parece haver relação afetiva, é apenas sexo, uma forma de distração para ambos.
O tempo
passa. Aqui estamos, depois de um ano. Três pessoas jogando conversa fora na rua.
Fulano: Caraca, tava conversando com a advogada da empresa em que trabalho e ela me disse que posso me dar bem, conseguir a guarda da minha filha e não precisar pagar pensão já que a Beltrana sumiu e levou a criança junto.
Sicrano
: Fulano, me desculpa a sinceridade, não me leve a mal. Mas você não tem condição nenhuma de criar essa criança!

Fulano: Cara, se eu não tenho, ela menos ainda! Ela não trabalha, não tem lugar fixo e não tá nem aí pra criança. Ela só quer me mostrar que o filho é dela e que só vou vê-lo quando ela bem entender. Mas, se ela acha que é assim, tá muito enganada! (Na cabeça do Sicrano: Putz, coitada da criança!)
Fulano
: Vou mover uma ação contra ela por abandono e além de ter a guarda da criança, o jogo vai virar e ela que vai ter de me pagar pensão.

Sicrano
: Mas, cara... como você vai fazer pra cuidar dessa criança? Você também não tem casa, nem com quem deixar essa criança...

Fulano
: Ah, mas eu não quero pegar agora, quero pegar quando a criança estiver maior, com 2, 3 anos...

(Sicrano pensando: será que ele realmente SE IMPORTA com essa criança?)

Sicrano toma coragem e pergunta: Mas vem cá, qual a sua maior preocupação... cuidar dessa criança, educar ou mostrar pra sua ex que ela não pode tanto quanto pensa?
Fulano: SICRANO! ELA TEM QUE ENTENDER QUE NÃO É ASSIM, DO JEITO DELA!!!

(...)

Resumindo... Que perspectiva de futuro essa criança tem? Os pais estão mais interessados num conflito de egos do que na própria criança, que deveria ser o mais importante nessa história. Infelizmente, essa criança é apenas um joguete, algo como uma moeda de troca nas mãos desses dois. Ninguém tá preocupado se essa criança será feliz no meio disso tudo, se terá acesso a cultura, educação, lazer... Infelizmente, se essa criança não tiver alguém do lado e uma vontade indomável de transgredir as duras adversidades que a vida impõe, será apenas mais uma dentre os muitos Joõezinhos, Mariazinhas e Pedrinhos espalhados pelas ruas, filhos do abandono. Será apenas mais um número nas estatísticas que mostram jovens à mercê do tráfico, da prostituição, do abuso, da violência, dos sofrimento e do desespero, das drogas. Por que eles não têm outra opção. Ou talvez tenham, mas a suposta melhor opção é um fardo muito pesado pra ser carregado.

Pai, rogai por todos nós, principalmente por essas crianças, vítimas do descaso do ser humano!

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