segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Medo















                 Nós, brasileiros sempre nos orgulhamos ao dizer que nosso país não é vítima de catástrofes naturais, guerras e afins. Mas hoje, aqui no Rio de Janeiro, o clima continua sendo de tensão. Não há sorrisos. O medo e a desconfiança estão estampados na cara das pessoas. A guerra aqui não é por sobrevivência, não é pelo anseio desesperado por um pedaço de pão mofado ou um pouco de água pra quem morre de fome ou sede. Não que o Brasil ou o Rio de Janeiro sejam lugares onde não há desigualdade, onde não há gente passando fome. Sim, isso existe aqui. Mas não a ponto de matar ou se arriscar a morrer por isso. Aqui, a  guerra é civil. Entre irmãos. A guerra aqui existe por um motivo nem um pouco nobre, que não tem justificativa. A guerra aqui é por poder. Facções com um histórico secular de rivalidade se unindo pra acabar com os policiais que querem extinguir o tráfico (ou pelo menos os traficantes).

        Em tempo, não sou a favor a nenhum tipo de guerra, muito menos de violência.  Mas apesar de tudo, não consigo entender como essas pessoas que andam aterrorizando a cidade podem fazer isso com seus irmãos mais próximos... Pessoas essas que compartilham dos mesmos anseios, das mesmas lutas e fé por dias melhores, das mesmas dificuldades,  da mesma esperança.... E embora eu acredite que somos todos filhos do mesmo Criador e habitantes de um mesmo lar, é mais fácil compreender as necessidades dos nossos irmãos mais próximos.  Então por que, sabendo disso tudo, essas pessoas insistem em nos aterrorizar assim?

        Confesso que em um momento de desespero, cheguei a imaginar que talvez o fim dos tais bandidos fosse a melhor saída pra isso tudo. Mas agora, na minha condição de ser humano, me sinto extremamente envergonhado por ter chegado a cogitar essa possibilidade. Não condiz comigo, apesar do desespero. E não acho que apenas a ocupação das comunidades pelas Forças Armadas seja a solução. Faz parte da solução. Além disso, é necessário que ao invés de discriminar essas pessoas que vivem em comunidades, que são rotuladas de vagabundos, bandidos e coisas piores apenas por viver em comunidades, se investisse em cultura, educação. Pensar em formar cidadãos, pensadores e pessoas de bem ao invés de transformá-las em mais um número nas estatísticas de pessoas sem perspectiva de futuro. Reduzir as chances de ter miseráveis seduzidos pelo crime, pelas drogas e ter a desgraça alheia ou a nossa própria desgraça como conseqüência disso.

        Também faz parte dessa solução ocupar a mente dessas pessoas que cometeram crimes e que ocupam as cadeias e penitenciárias. Fazê-los prestar serviços, trabalhar com alguma coisa em prol da população como forma de pagamento à alimentação, moradia e tudo que têm direito na prisão, e não apenas vivendo como parasitas, comendo, bebendo de graça e queimando colchões em rebeliões por saber que no dia seguinte terão novos. Oferecer educação, aprendizado a eles, mostrar que há uma chance de recomeço no futuro...

        Isso sem esquecer que também faz parte dessa solução extender essa 'caça às bruxas' aos maiores culpados. Os chefes do tráfico, que pra mim, estão infiltrados na liderança das grandes empresas, na política... Pessoas que fazem parte desse esquema por pura ganância, que não estão nessa por falta de oportunidades ou por não terem gozado de boa educação. Estão nessa por uma falsa necessidade de ter mais do que se tem e que lhes é necessário.

        Me arrisco a dizer que se os poderosos desse esquema, aqueles que se escondem atrás desses títulos sociais não forem punidos como estão sendo os que vivem nos morros e atualmente estampam os noticiários, poderiam morrer cem, quinhentos desses que estão sendo caçados pela Polícia, pelo Exército e todas as Armadas e esse infeliz círculo vicioso, infelizmente continuaria a existir. Pois continuariam a existir miseráveis sem dignidade e acesso a educação e cultura, que no seu desespero, topariam a primeira oportunidade de sair dessa miséria, fosse essa oportunidade lícita ou não.
     

        Continuariam a existir pais que vendem a inocência e a dignidade de seus filhos em troca de um prato de arroz e feijão.
    

         Continuaria a existir o ódio e o desespero tentando tomar um lugar que pertence ao Amor...








  

  

                    Não apenas o Rio de Janeiro...
                                                   O mundo inteiro pede paz!

(embora muitas pessoas que pedem por isso
não movam um dedo pra que isso aconteça...)





domingo, 14 de novembro de 2010

Laboratório Urbano

♫ Largado na cidade, eu paro e reparo como é capaz ...♫




E se é... esses dias tenho trampado na rua, divulgando o curso de um amigo meu. Estar do lado B, ou seja, fazer parte da cena ao invés de ser só mais um entre os milhões de peças provisórias que passam diariamente, te dá a oportunidade de ver as coisas sob outra óptica, de ter uma experiência urbanóide-humana.
A partir disso, começam a surgir os questionamentos e considerações a respeito disso. As ruas são verdadeiros observatórios do comportamento humano.
Conheci um coroa incrível, que falou comigo sobre fraternidade... sobre sermos todos iguais perante a Deus e ao Universo e que é perda de tempo ficar se dividindo em rótulos... que somos tudo ser humano, então é tudo igual... nada de raça, classe social ou o que quer que seja ser ou não ser superior... Enfim, foi uma conversa meio que rápida, mas curti muito!
Uma coisa superestranha, é que ali pude perceber que há pessoas que fazem questão de ser antipáticas e esnobes. Eu só não entendo o porquê disso tudo. Pra quê? Pra auto-afirmar e exibir seu conceito furado de superioridade social, estético, intelectual?
Infelizmente, essa é uma das faces da nossa realidade: As pessoas se definem pelo que possuem e não pelo que são de fato. O advogado ou diretor, que fica indignado quando não é chamado de doutor, porque a identidade dele agora se resume a isso, seu título ou profissão.

Só queria saber quando as pessoas vão perceber que o que importa é o que somos e não o que possuímos. Que quem gosta da gente de fato não vai deixar de gostar se ontem éramos ricos e hoje já não somos, se éramos populares e hoje já não somos. Tem tanta gente que não tem nada de material a oferecer e vive cercada de amigos, não é verdade? Enfim...
Mais sobre a mente humana é papo pra outra hora... :)

¡ Hasta la missión!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Há alguns dias...





♫ Na vida tudo tem um tempo pra passar
Pelo menos eu tentei
Pelo menos me esforcei pra ficar tranquilo...





        Não sei porquê, mas acordei preocupado. Na verdade, talvez eu saiba o porquê dessa preocupação. Já faz dois dias que não consigo dormir direito. Não sei se ontem foi mais tranquilo porque deveria ser um prelúdio pra hoje. Ah, hoje... o que aconteceu comigo hoje? Foi tudo tão intenso, tão real... tão real que já me peguei pensando em quanto disso é verídico.
        Acordei assustado e mexeu tanto comigo que eu podia sentir meu coração enviando sangue pra todas as veias e artérias que ele conseguia. Tudo isso acontecendo ao mesmo tempo me deu muita coisa pra pensar. E ainda tô pensando nisso tudo. Tentando entender por que as coisas têm que acontecer dessa forma. Por que não dava pra ser tudo mais simples, sem enrolação e sem joguete? Sem tanto padrão social, moral, religioso, lógico, enfim? Por mais que eu saiba que as coisas não são de fato simples, queria imensamente que elas fossem. 
        No fim, eu sei que por mais que as coisas aconteçam, eu sempre vou me reerguer e seguir em frente.

                                                        É esse o meu caminho...





♫ Pelo menos eu tentei chorar,
mas acontece que a vida não me deixa desabar...