sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Aquele sorriso... Já era tarde e no meu retorno pra casa, me sentia muito cansado. Com uma fome violenta de renovação, já tinha exorcizado parcialmente alguns fantasmas e achava que a noite ia ser das piores, que eu iria chorar horrores e finalmente conseguir findar um ciclo, de forma bem dolorosa. Minha atenção foi atraída pra uma criança de aproximadamente um ano, com seus pais no metrô. Fica em pé, com a ajuda da mãe, olha diretamente pra mim e... sorriso. Gigante! Desarmei. Já não conseguia pensar em motivos pra me angustiar. Instintivamente, retribuí o sorriso e ficamos por razoável tempo nessa troca de afeto, tão instintiva e espontânea. Um tempo depois, a mãe não deixou-o andar, pelo perigo de uma freada do metrô, e ele desatou a chorar. Perdi a atenção dele e fiquei agoniado, queria me despedir porque a minha estação estava chegando. A mãe o consolou e quando eu ia descer, o foco do afeto dele era a mãe e então eu saltei, meio triste porque não ia conseguir me despedir. Numa tentativa final de despedida, já na escada, olhei pra trás. O pai apontava pro “novo amigo” da criança e ele abriu um sorrisão de despedida. Portas fechadas e o metrô parte, me deixando com uma sensação inabalável, de uma alegria transcendente, irradiante. Há uma grande possibilidade de eu nunca mais encontrar com essa criança por aí, mas desejo profundamente que ela cruze e contagie a vida de muita gente durante sua caminhada. Estes se chamarão privilegiados.


Obrigado, pequeno anjo. Que você possa atrair tanta luz quanto você transmite.